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Desafio do tamanho da Baía (O Globo)

28 de janeiro de 2014

Tudo que acontece na Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara impacta seu espelho d’água: nove milhões de pessoas, centenas de indústrias, 15 prefeituras. O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (1993/2006) foi trágico: construíram quatro ETEs (estações de tratamento de esgoto), mas não redes e estações elevatórias que bombeiam esgoto dos bairros às ETEs, as conexões. Por 13 anos, as ETEs estiveram secas, sem tratar um litro de esgoto, embora inauguradas mais de uma vez por governadores. Coliformes fluíam à Guanabara pelos rios Iguaçu, Sarapuí, Irajá, Alcântara, Meriti. A Reduc (Refinaria Duque de Caxias) poluía mais que as indústrias somadas. Com tecnologia defasada de 60 anos, lançava dose diária de óleos e químicas na Baía. E os grandes lixões — Itaoca, em São Gonçalo; Babi, em Belford Roxo; e Gramacho, em Caxias — lançavam um Maracanã semanal de chorume em suas águas.

 

Longe de vencer esta guerra, acabamos com os lixões do entorno da Guanabara, construindo/licenciando aterros sanitários modernos, livrando-a do tóxico chorume que mata as espécies. O desafio é avançar com coleta seletiva (inferior a 5% das residências), educação ambiental, coleta diária das prefeituras, apoio às cooperativas de catadores. Com ecobarreiras e ecobarcos coletamos parte do lixo flutuante, mas, se nove milhões de pessoas lançarem lixo nos rios que deságuam na Guanabara, será missão impossível. Nas dragagens do Iguaçu-Sarapuí, retiramos 42 mil pneus dos rios!

Realizamos auditoria ambiental na Reduc, que estabeleceu 48 ações de mudança tecnológica. Assinamos Termo de Ajuste de Conduta de R$ 1,1 bilhão para implantar estações biológicas, circuitos fechados. Em dois anos, investiram-se R$ 420 milhões: a carga industrial, orgânica, oleosa e química foi reduzida em 40%. Faltam três anos de TAC para chegar a 90%.

Em 2006, só 13% do esgoto eram tratados! Em 2014 com Cedae, Inea e SEA, triplicamos o tratamento para 40%, com redes, elevatórias. Mas 60% caem in natura na Baía — inadmissível! Iniciaremos a ETE (e rede) em Alcântara, São Gonçalo, e uma rede para tratar esgoto do Complexo do Alemão e da Maré na ETE Alegria. Com o Compromisso Olímpico de limpar 80% da Guanabara até 2016, complementaremos saneamento com UTRs — Unidades de Tratamento de Rio. Estas não substituem saneamento: é tratamento físico-químico na foz do rio que retira 80% da poluição; o saneamento tem que seguir rio acima, pela saúde pública, mais importante que eventos! A principal causa da mortalidade infantil são doenças causadas por água contaminada. A UTR Irajá operará em março, retirando 12% da poluição da Baía. A UTR Pavuna/Meriti retirará mais 24%. O nó a ser desatado é a ligação de milhares de domicílios às redes, operação, manutenção, monitoramento e integração de prefeituras, indústrias e população na Autoridade de Baía. Devemos combater ligações clandestinas e aderir ao Programa de Recuperação de Óleo Vegetal, que em 2013 retirou 6,5 milhões de litros de óleo do ambiente! A Guanabara precisa.

Confira aqui o artigo na íntegra: 

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